Feeds:
Posts
Comentários

Posts Tagged ‘exposição’

Às vezes, a solidão me soletra
dura, vai ferindo o corpo
a mente machuca.
Vai esmagando a garganta,
forma nós atados com linha dura.

Solidão esburacada e sem alma,
tal dor que assim ela provoca
faz cair lágrimas, faz cair
canção, despedaça em notas finas
parte a parte o meu coração.

 

A figura que ilustra essa poesia corresponde a um quadro do pintor alemão Tim Eitel que esteve em exibição até o último dia 30, na ótima exposição Pintura Alemâ Contemporânea no MASP (Museu de Arte de São Paulo). A obra de Eitel é contemporânea às questões do indivíduo e sua relação com o espaço. É interessante ver como por meio de pinturas silenciosas e traços simples e firmes, o pintor discute essa relação entre homem e espaço e insere o primeiro como protagonista, assumindo uma postura contemplativa e marcada pela solidão.

Read Full Post »

Egidio Rocci, artista plástico

Egidio Rocci, artista plástico

Fundem-se opostos
como se tudo fosse
mero estado de irritação,
suposto.

Nada vira o que
não se faz.
Algumas horas é terra
outras ar.

Nos fins de tarde,
agonia.
Nas noites quietas,
fantasia.

Difícil chegar a um ponto
onde as coisas adormecem,
o ar se equilibra
e a terra esquece!

Egidio Rocci, artista plástico

Egidio Rocci, artista plástico

Egidio Rocci, artista plástico

Read Full Post »

A exposição que fica no CCBB-SP até o dia 17 de julho organiza de forma original e criativa a obra explosiva, essencialmente urbana e revolucionária de um dos mais importantes artistas contemporâneos

Bonjour, 1985

As cores esparramadas vertiginosamente sobre a tela mostram um espírito revolucionário. As grossas camadas de tinta que ora se agrupam em um canto, ora no outro, e que às vezes depositam-se bem no meio de alguma tela, revelam uma senso de distribuição e uso do espaço artístico. A variedade de cores e tons conduzem quem vê a uma espécie de êxtase e curvam as vãs pretensões de discrição, moderamento e padronizações. Na obra de José Roberto Aguilar há uma originalidade latente, uma expressividade bruta, uma estética do grito, quase da explosão.

Pintura de José Roberto Aguilar

O artista multiperformático paulistano, que iniciou sua carreira há cerca de 50 anos de forma audaciosa, como um autodidata na pintura, conservou ao longo do tempo esse mesmo espírito audacioso e inovador que se vê refletido em cada desenho, pintura, gravura, videoarte e instalação que fazem parte de uma exposição dedicada ao artista no Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo.

Apolínea, 1990

A exposição “Aguilar 50 anos de arte” procurou se constituir com a mesma criatividade que marca grande parte das obras de Aguilar. Ela está organizada de cima pra baixo, como uma espiral ou vórtice que serve de metáfora para o próprio movimento criativo do artista. No último pavimento do prédio, estão as obras do início da carreira de Aguilar, produzidas nas décadas de 60 e 70, já bastante ousadas, grandes, constituindo verdadeiros monumentos regados por pinceladas que já abriam caminho para um futuro de muitas experimentações.

Pintura de José Roberto Aguilar

No segundo pavimento do prédio, estão as obras produzidas nas décadas de 80 e 90, consideradas as mais vulcânicas de sua produção. De fato, neste pavimento se veem obras que continuam grandiosas, porém, parecem mais ousadas que as das décadas anteriores ao brincar com os traços, com o tom das cores, com os limites da tela, reinventando a estética da arte. Há uma reunião do prosaico ao sublime, uma harmonia entre letras que parecem de criança e traços que revelam uma alma densa e reflexiva. O geométrico e o disforme, o absurdo e o lúdico, o erótico e o ingênuo, o urbano e a solidão, todos em uma mesma pulsação criativa que vai desde uma representação da maternidade até um alfabeto todo de vidro.

Pintura de José Roberto Aguilar

No primeiro pavimento, a espiral abriga as obras do ano 2000 onde a pintura e as outras obras de Aguilar parecem dançar ao som de uma música muda e longa. Finalmente, no andar térreo, a pintura de Aguilar se revela de fato uma obra de transcendência e por meio de algumas videoinstalações o artista vincula sua produção artística ao feminino como agente de poesia.

Jardim de Van Gogh, 2006

No entanto, o movimento mais surpreendente que se faz ao chegar ao chão é o de olhar pra cima e ver que uma das instalações do artista, formada por vestidos pintados sobre plásticos, sobem pelo vão central do prédio até o último pavimento em um movimento que subverte a própria espiral inicial. Em instantes, o olhar também subverte a lógica, e a arquitetura clássica, delicada e extremamente refinada do prédio do CCBB em São Paulo se confunde com as telas modernas, vanguardistas, coloridas e abstratas de Aguilar, uma mistura que torna o clássico do prédio ainda mais belo e o abstrato das obras ainda mais misterioso e explosivamente completo.

Aguilar 50 anos de Arte
Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo
Rua Álvares Penteado, 112.
Tel. (011) 3113-3651.
De terça a domingo, das 10h às 20h. Grátis. Até 17/7.

Pintura de José Roberto Aguilar

Read Full Post »

Na Estação Pinacoteca – antigo Deops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social) de São Paulo, órgão de repressão política que teve o ápice de suas atividades durante o regime militar (1964-1985) – não confundir com a tradicional e bela Pinacoteca, o público encontra uma das exposições mais comentadas, divulgadas e procuradas dos dias recentes. Trata-se da individual do artista norte-americano, símbolo da pop-art, Andy Warhol.
A publicidade em torno da exposição de Andy Warhol diz que se trata da maior exposição do artista já montada na América Latina”, mas o que se vê dá aquela sensação de “pensei que fosse mais”.
A exposição parece ser melhor quando se lê sobre ela, sobre a importância que Warhol teve para sua época, sobre seu olhar de vanguarda, sua capacidade de antecipar tendências futuras, mas quando se vê de perto, falta algo que emocione, que revele um caminho verdadeiramente artístico. No entanto, se os comentários o atraírem, caro leitor, para a individual de Andy Warhol, vá e se sentir que as produções do americano não lhe trazem nenhuma nova e profunda sensação, entre por outra porta, em uma na qual há uma inscrição tímida em um dos cantos dizendo “Wifredo Lam”. Não, não vá embora, abra esta porta:
Eis o mundo desse outro pedaço de chão…

La Jungla

Femme Assise

Zambezia, Zambezia

Les loa petro enfantent dans la danse

Soeur de la gazelle

Untitled C

Untitled A

Nativité

Annonciation
As linhas, os contornos, as cores, tudo revela uma estética que vai além do surrealismo. Há algo de sexual, de onírico, há um prazer disfarçado, uma verdade escondida, por vezes, revelada. A sensação é de leveza, tal como um voo a desprender quem olha do chão, a aproximar quem vê do infinito ou de algo mais imenso, largo, flutuante… Mágico! Um feitiço que resvala abertamente na criatividade, imaginação levada até o ponto onde ela se faz necessária, em hipótese alguma excessiva ou ridícula. Uma tragédia escrita com formas e detalhes na medida certa. Nada sobra, tudo transborda. A estética da obra de arte provoca o extravasamento, a saída e o reconhecimento de si mesmo. Há algo de romântico misturado ao surrealismo. Uma pincelada emotiva, imaginativa, uma preocupação com a forma equilibrada com uma busca pelos sentidos, pela emoção genuína e primitiva. Ao olhar já se reconhece o estilo, a dádiva de ser original, a “mimesis” grega talvez até tenha existido na construção dessas obras, mas no sentido de tomá-la para ir além da pura e simples imitação, a originalidade está em olhar o que já se construiu e pensar em algo novo, algo autoral. Arte é estilo, nada mais que isso!
Wifredo Lam (1902-1982),artista cubano, viveu por um tempo na França onde sofreu influência tanto de Picasso como da estética surrealista, foi um pintor capaz de sintetizar os elementos culturais de uma América genuinamente diversa – que era folclore de um lado e autêntica vivência popular e forma de representar o mundo de outro – tão plástica, mística e surreal. Daí, algumas características que marcam a sua produção artística.
Sem ele, talvez teríamos, nós, habitantes da América, ficado sem uma perturbadora e profunda visão de nós mesmos, de tudo aquilo que temos de belo e fantástico. Lam absorveu, como nenhum outro artista, a força literária do surrealismo, deu lugar na sua obra para que irrompesse a voz e força do oprimido e não se contentou com lugares comuns, deu ao povo um espelho salpicado por cores para que nele enfim tivéssemos uma visão de quem realmente somos.
Ficamos tímidos diante das gravuras de Lam, o surrealismo nos bloqueia, sua realidade nos parece muitas vezes distante, estranha. Wifredo Lam funciona também como um sintoma da plasticidade imaginativa que nos marca, desta dificuldade que temos em nos libertar de nossa, algumas vezes besta, racionalidade.

Read Full Post »

O cotidiano às vezes se apresenta cansado, cinzento, mudo. Parece estar existindo com pressa, diluído, espetacularizado, sem rumo…
O cotidiano às vezes aparece belo, simples, inebriante, doce e regado por uma inesperada graça da infância. A vida vai se confundindo, as cenas se entrelaçando, as teias vão sendo tecidas ao acaso, ao sabor do oceano obscuro onde está firmemente ancorado o destino.
E quando os olhos já estão cansados, o espírito sedento sem saber qual é o nome ou a forma de sua sede, os movimentos lentos e entrecortados, alguém, um dia, pinta o mundo com cores primitivas. Olha os recortes da paisagem com olhos puros e sensíveis, percebe as coisas além da tangível superfície, representa as cenas com uma realidade ainda maior, realidade confundida com a fantasia, fantasia impressionada com a realidade, traços camuflados em saudade, saudade salpicando em pontos suspensos e inertes. Faz-se um estilo acima de todos os limites e regras, um método que não é método e paira sozinho, um tom de romance, de doçura. A promessa do novo, a certeza de que, como diz a canção, o novo sempre vem e, melhor ainda que venha romântico…
Romantismo – A Arte do entusiasmo é o tema de uma exposição com 79 obras do Museu de Arte de São Paulo (MASP) que têm em comum ideias e a estética do romantismo. São pinturas e esculturas de 63 artistas. A justificativa para a exposição parece ser um pouco abrangente, mas a mostra reúne alguns dos melhores trabalhos do Acervo do Masp e, além disso, traz ao público obras de mestres como Hieronymus Bosch, Amedeo Modigliani, Van Gogh, além de impressionistas franceses como Edgar Degas e Paul Cézanne, este último já foi tema de um post aqui do Impressões sobre a sua estética do inacabado.
Entre tantos nomes que estarão reunidos na mostra, o Impressões decidiu dar um destaque para a obra do pintor neerlandês Vicent Van Gogh. Van Gogh criou uma estética única na arte, com temas simples e cenas do cotidiano vertidas em pinceladas quase mágicas, de um movimento, precisão e leveza peculiar. Ao incorporar tendências impressionistas, o pintor também tinha aspirações modernistas e influenciou variadas correntes artísticas do século XX como o expressionismo, o fauvismo e o abstracionismo.
Mas falar de Van Gogh é muito pouco, aos olhos veste melhor as suas cores, sua melancolia sutil, sua doçura suspensa, seu olhar esplêndido, sua alma quase desenhada…
Aos olhos e aos ouvidos um presente, dessa vez menos mudo, mais absurdo!

Aviso aos navegantes: A exposição fica no Masp até o dia 8 de maio.

Read Full Post »

Este vídeo traz cenas da videoinstalação Ever is Over All, de 1997, da artista suíça Pipilotti Rist. Ever is Over All estará no Paço das Artes, em São Paulo, até o dia 6 de dezembro, uma oportunidade para que o público brasileiro entre em contato com a obra de uma artista que tem a cara do nosso século. Pipilotti cria cenários coloridos e grandiosos que nos remetem à infância e ativam nossa imaginação.

São imagens que conseguem nos impressionar em meio a este mar de tantas outras imagens que nos invade todos os dias, projeções que tomam paredes inteiras combinadas com uma música vibrante e com a exploração dos limites entre o racional e o intuitivo, o físico e o psicológico.

A artista suíça une cenas e fatos que podem até parecer prosaicos, mas sob a estética e o estilo de sua arte ganham outra dimensão. Trata-se de uma artista irreverente, capaz de produzir obras que combinam morangos, sexualidade e vandalismo urbano, alimentando-se de ironia, emoção e também das questões relevantes de nosso tempo, um tempo tão confuso, colorido, ensurdecedor, alucinógeno e sonhador, tão a obra de Pipilotti Rist.

Read Full Post »

‘VIK’

Exposição com 131 obras no MASP é a maior já dedicada ao artista. Depois de passar pelos EUA, Canadá e México, a exposição ‘VIK’ chega ao Brasil no momento em que o fotógrafo Vik Muniz atinge o ápice de seu reconhecimento. Vik Muniz é um artista brasileiro, de renome internacional, que utiliza a fotografia como instrumento básico para ir em direção a uma arte que mistura ilusão e realidade, a aparência comum com a essência inusitada. Ele fotografa seus trabalhos, realizados a partir de técnicas variadas.
Há algum tempo escrevi neste meu espaço sobre um artista que me fascinou, apenas por fotos de seu trabalho que vi pela internet. Quando escrevi, já previa que seu trabalho visto pessoalmente deveria ser de todo maravilhoso e delirante, mas não pensava que fosse tanto. Vik me surpreendeu quando o vi de perto e mais ainda quando o vi de longe. A exposição de suas obras no MASP está de fazer fugir as palavras de tão bela, reúne muito de Vik Muniz e sua arte. As obras do fotógrafo estão agrupadas nas várias partes que compõem a exposição, o que permite ao visitante entender cada fase de Vik, bem como o que esteve por trás de cada um de seus trabalhos. Para avivar as vontades e despertar a curiosidade em ver de perto esses incríveis trabalhos, seguem abaixo algumas informações de cada uma das partes da exposição ‘VIK’, que pode ser vista no MASP até o dia 12 de julho.

O melhor de Life
Esta é a fase inicial da carreira de Vik Muniz. Sua formação sofreu forte influência da coleção de fotografias da revista Life, que ele reproduzia em desenhos e fotografava depois de perder algumas de suas páginas. Neste episódio, podemos perceber o quanto o que vemos se baseia no que já conhecemos

Desenhos com linhas
Esta parte da exposição mostra obras fotografadas que Vik realizou utilizando linhas, isso mesmo, linhas. O fotógrafo tem mesmo esse poder e essa sensibilidade técnica e estética de transformar o que parece trivial no cotidiano em um elemento de uma obra de arte, um condutor da percepção e do delírio de quem olha para, em seguida, olhar de novo. Nos desenhos com linhas, Vik trabalha com as noções de próximo e distante. Para dar a ideia de proximidade ele utiliza mais linhas e para promover o distanciamento ele utiliza menos linhas em uma técnica baseada no corte em camadas. O efeito é surpreendente e tocante.

Duas Vacas
O bom humor de Vik se faz presente em algumas obras como Duas Vacas. Nesta, em um primeiro momento, existe apenas uma vaca. Quem olha pergunta-se atônito, mas onde está a outra? Olhando mais uma vez se descobre a segunda vaca disfarçada como uma pinta, dentro da primeira. Aqui já percebemos como Vik Muniz é um artista de dois momentos. Suas obras são para serem vistas e entendidas em dois momentos distintos. No primeiro, nossos olhos nos enganam, nossa mente é equivocada. No segundo ficamos mais cuidadosos, vemos e reparamos, e quando reparamos ao olhar, entendemos o que Vik realmente quer representar. São dois instantes, duas percepções para uma só plenitude artística.

Equivalentes
Nesta série há um espetáculo à parte de forma, criatividade, espontaneidade e graça, onde nos é revelado o hábito de achar formas nas nuvens, cultivado por Vik. A partir daí, o fotógrafo decide utilizar o algodão como nuvem e brinca com o pedaço branco, dando a ele formas variadas. O pedaço de algodão vira gato, duas mãos unidas e tudo aquilo que a imaginação inventar. A participação ativa do observador na interpretação do que ele vê fica clara nesta série de obras. É interessante perceber também que quando se vê o algodão perde-se a nuvem e os objetos e quando se vê a nuvem perdem-se os outros dois aspectos.
Instala-se a confusão preferida de Vik entre imagem, ideia e realidade.

Mônadas
As mônadas são partículas invisíveis que constituem a essência de todas as coisas. Vik utiliza esse conceito para compor fotografias onde as partes se refletem no todo, onde o todo é a parte, onde não se sabe mais o que é todo e o que é parte. Tudo se confunde e tudo se torna claro no espaço de dois olhares, no instante da percepção.

Esculturas
Vik diz que começou sua carreira como escultor, mas quando fotografava suas esculturas para documentá-las viu que era das imagens que ele gostava. Para ele, a foto era mais interessante que a escultura. Vik produziu 52 esculturas a partir de um único bloco de pastilha branca e depois de fotografá-las as esculturas eram destruídas e só sobravam as fotos.

Arame
Esta série mostra imagens onde duas leituras são possíveis. Vik trabalha com os conceitos de material e imagem e faz com que o arame se confunda com o traçado do lápis, com a linha do desenho. Quando olhamos pela primeira vez vemos um traçado feito a lápis, mas, no segundo olhar, olhamos melhor e o arame revela-se nas linhas do desenho, inacreditável, criativo, sensacional. Os desenhos com arame mostram como a pior ilusão possível é aquela que ainda pode enganar o observador, mas apenas por um momento. O arame desenha um balanço, uma torneira, uma lâmpada, uma cama, algumas roupas no varal, um papel higiênico e o que mais Vik resignificar.

Açúcar
Esta série de obras revela toda sensibilidade e percepção social de Vik Muniz que se repetirá lindamente em diversos outros trabalhos. Vik fotografou algumas crianças que trabalhavam de forma exploratória em plantações de cana de açúcar e depois decidiu duplicar aquelas fotos, polvilhando-as com açúcar em um pedaço de papel preto. O efeito é fascinante não só pela beleza estética que o açúcar conferiu às fotos, como também pela resposta da arte a um drama social e humano. E como a arte responde lindamente às nossas aflições!

Terra
Aqui Vik Muniz apresenta imagens de terra feitas com canudos e pedaços úmidos de algodão com a ajuda de um pequeno aspirador de pó. O desenho e a terra se unem sobre a tinta, um peixe maravilhosamente se revela, lindo e mágico. De perto não o vemos, mas de longe ele se faz majestoso e pelo. A arte de Vik é efêmera e, ao mesmo tempo, eterna em um paradoxo só dela.

Montinhos
Esta série de fotografias é particularmente original pela combinação de elementos aparentemente desconectados, mas que juntos mostram o quanto todas as coisas têm em comum umas com as outras. Afinal, com quantas coisas aparentemente descombináveis se pode chegar a uma obra de arte? O que um curry em pó tem haver com jujubinhas, espinhos com fusíveis, bebês de plástico com besouros? A resposta é dada por Vik por meio de sua arte. Na arte nada se exclui, as coisas se somam e há lugar pra tudo em um eterno rearranjar de elementos.

Diamantes e Caviar
Algumas das fotografias mais conhecidas de Vik Muniz estão nessa série de obras.
Nelas, Vik buscou uma solução criativa, como sempre, para retratar as divas do cinema. Pensando em todo seu brilho e glamour decidiu retratá-las por meio da beleza do diamante. Elizabeth Taylor fica preciosa e brilha, tal como uma estrela de cinema, tal como um emaranhado de diamantes. Já o caviar é usado por Vik para retratar rostos de monstros e vilões do cinema, um contraponto às divas e ao diamente.

O Depois
Mostrando mais uma vez toda sua percepção social, Vik olha para as crianças órfãs que dormem sob o lençol das estrelas nas ruas da maior cidade do país: São Paulo, e decide tirá-las, ao menos por um instante dali, trazendo-as para o instante eterno da fotografia, colocando-as sob as lentes de uma máquina humana e social. Vik dá um livro às crianças, pede que elas escolham alguma pose e a imitem. A partir daí ele compõe as fotografias com lixo colorido jogado às ruas na quarta-feira de cinzas, logo após o carnaval. A sutileza aqui presente é tocante. Vik escolhe o colorido do lixo porque o que ele mostra são crianças. Crianças devem ser coloridas, mas para aquelas crianças não poderia ser usado um colorido qualquer, já que a elas foi roubada parte de uma infância, elas têm um colorido diferente, é um resto de cor depois da alegria, por isso lixo da quarta-feira de cinzas. Depois do carnaval há apenas um resto da alegria em coloridos que se misturam à, por vezes, fria realidade.

Medusa Marinara
Esta obra une mitologia e modernidade, faz do clássico algo irreverente e único mostrando que a cópia de uma cópia é sempre um original.

Rebus
Outra série de fotografias lindas, pensadas e planejadas. Depois de Mônadas, Vik continua fazendo da parte o todo e agora usa uma variedade de brinquedos para mostrar que só se é jovem uma vez, mas isso pode durar uma vida inteira. São miniaturas de carros, bolas, lápis, cornetas, botões, colheres, garfos, dentre outros, das mais variadas cores e formas dispostos de modo a formar o que Vik quiser retratar.

Quebra-cabeças
Vik une peças coloridas que ilustram o esplendor arquitetônico de cidades idealizadas, civilizações míticas e centros de ensino mostrando que ter é acreditar, afinal, se nenhum lugar é definitivo sua realidade se concretiza nas pinturas, reiterando o tema recorrente de Vik Muniz. É lindo e desafiante, como montar um quebra-cabeça, ver o Jardim das Delícias e A escola de Atenas em meio a peças soltas encaixadas na mente de cada um que olha e admira.

Pigmento
Nesta série, particularmente linda e colorida, é como se a textura da imagem saltasse dos limites da fotografia, fosse maior que o papel, desafiasse a todo instante a nossa percepção.
Vik usa camadas de diferentes pigmentos para preencher pinturas a óleo sem o óleo, incrível o resultado, a ideia de profundidade e beleza que quadros já belos e clássicos como A Catedral de Rouen, de Monet ganharam. A catedral se recriou tanto na luz do dia como nas sombras da noite. A japonesa, do mesmo pintor, também ficou mais viva e colorida com cores tão fortes que, por vezes, poderíamos pensar nem existirem mais assim.

WWW – Imagens de Sucata
Esta fotografia é de uma fidelidade e perspicácia no retrato da modernidade tal como nenhuma outra já criada. Vik dá forma ao mundo utilizando peças de computadores velhos. O Brasil é quase todo de teclados, os EUA ganham forma por meio de vários CPU’s, o mundo vira literalmente um conjunto de peças de computadores tal como é atualmente, afinal, vivemos na era da internet e da globalização. Na era de tantas promessas tecnológicas, o mundo é um amontoado de computadores, mas até agora apenas no terreno das ideias, até um certo fotógrafo decidir transformá-lo de fato em um.

Papel
Nesta série de fotografias, Vik trabalha com os tons da escala de cinza para recriar o conteúdo histórico de algumas fotos. A sensibilidade estética no manuseio dos materiais e sua composição são marcas constantes nos trabalhos do fotográfo e dão a eles uma identidade própria e uma qualidade estética indiscutível.

Poeira
Essas fotografias, como tantas outras surpreendem. Vik é assim, quando se acha que ele já fez de tudo, é bom se preparar porque os olhos ainda não viram nada, ele supera a si mesmo e a nós resta a admiração e o conforto por saber que ainda se fazem artistas de verdade. Aqui, Vik compõe suas fotografias com os sacos de poeira retirados de aspiradores de pó. A poeira produz imagens abstratas, independentes do ambiente a sua volta. É fascinante.

Lixo
Uma das séries de fotografias mais bonitas de Vik Muniz, não só pela perfeição técnica e estética, pela vivacidade e harmonia das cores e pela perfeita combinação de elementos, como também e, principalmente, pela percepção de uma realidade social. Assim como Vik olhou para os meninos de rua da cidade de São Paulo e buscou abrigá-los na fotografia, ele também percebeu as pessoas que trabalham e vivem no Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro, o maior depósito de lixo urbano do mundo. A partir desta realidade, Vik fez retratos dessas pessoas em situações alegóricas, utilizando os materiais que elas recolhem para reciclagem.
O próprio artista diz que, ao fazer estas fotografias, teve contato com um lado da vida que ele imaginou que não existisse mais. As fotografias são mais do que simples retratos de uma realidade, elas mostram um sentimento, mostram o que não se vê, o que está por trás da realidade, o que há de invisível aos olhos e visível aos sentidos. Nestas fotos, chinelos contornam as linhas, definem os traços, tampinhas formam e rosto, seus dramas e detalhes. O lixo sufoca o homem, pesa sobre sua cabeça, mas ele resiste abaixo, firme. A mulher continua bela, apesar do lixo, joga seus cabelos feitos de linha e cala pela sensualidade.

Sucata
Nestas fotografias, Vik Muniz faz imensas composições de materiais descartados. No primeiro plano aparecem sempre maiores, no segundo plano são menores dando a ideia de profundidade. O interessante desta série é tentar entender o que a sucata diz a nosso respeito e da nossa atitude diante do futuro. Novamente, o artista recria lindamente clássicas pinturas, agora é a vez de O Nascimento de Vênus, de Botticelli e de Narciso, de Caravaggio.

Earthworks
Trabalhos sobre a terra. Aqui, Vik mostra fotografias grandiosas por meio do real trabalho sobre a terra. As fotografias foram tiradas de helicóptero e os desenhos, inicialmente apenas utensílios domésticos, com cerca de 120 a 180 metros foram feitos utilizando uma escavadeira para que pudessem ser assim gravados no solo de uma mina de ferro brasileira e eternizados na lente. São livros, dedos, pratos com garfo e faca, clips, dente, cachimbo, chupeta, uma carta imensa, pés, uma tesoura cortando a terra e tantos outros brilhos de um artista que também sabe ser grandioso sem perder a graça das pequenas coisas.

Duas Bandeiras
Vik produz duas versões da bandeira americana que sugerem a passagem do tempo e o clico das estações por meio do predomínio de tons de verde em uma e marrons na outra.

Cores
Nestas fotografias, Vik usa a escala Pantone para criar. Ele mostra imagens que evocam seus pixels digitalizados e, no entanto, ainda são reconhecidas como imagem, apesar de sua fragmentação. A presença dos aspectos físicos traz a relação complicada que se estabelece entre objeto e imagem.

Cárceres
Lembram as imagens de linha, mas aqui o que importa é o espaço arquitetônico não a paisagem. A linha não repousa mais em camadas irregulares, ela ziguezagueia tensionada em uma trilha de alfinetes, oferecendo um contraste entre tipos de espaço, trabalhando com a profundidade da perspectiva e a baixa elevação dos alfinetes.

Caminhante sobre um mar de cinzas
Cigarros e cinzas dão vida e realidade a essa fotografia de Vik. Forte e inteligente.

Calda de Chocolate
Vik percebeu que o chocolate era um material pintável, fácil de trabalhar e cheio de associações. Chocolate se confunde com amor, luxo, romance, obesidade, escatologia, mancha, culpa, dentre tantos outros sentimentos que decorrem dele. A série é linda, de dar água na boca.

Read Full Post »

Obra ‘Auto-Retrato’, de Vik Muniz, estará em exposição do Masp

Há algum tempo, esta que vos fala, escreveu neste blog sobre a exposição “Vik”, do fotógrafo Vik Muniz, que tinha estreia prevista para o dia 24 de abril no MASP (Museu de Arte de São Paulo). Venho por meio deste post, curto e simples, dar mais um aviso aos navegantes: a exposição fica no Masp até o dia 12 de julho, portanto, se organizem, administrem o tão escasso tempo e confiram as fotos deste símbolo da arte de vanguarda, que, na verdade, são muito mais do que simples fotos. Tratam-se de delírios, de criatividade, de feitiço, do encanto do inesperado, da emoção gratuita da surpresa!
E, já que a exposição se estenderá até as próximas datas do próximo mês, nada de desculpas. O tempo não está curto, até o dia 12 de julho dá pra ir, voltar, ir de novo, voltar, enfim, o que importa é ir, ver e delirar.

Exposição ‘Vik’
Retrospectiva com 131 obras do artista plástico Vik Muniz
Local: Museu de Arte de São Paulo – MASP
Endereço: Av. Paulista, 1578
Telefone: (11) 3251 5644
Classificação etária: livre
Estacionamento pago no local
Acesso a deficientes
Exposição: de 24 de abril a 12 de julho
Horário de visitação: terça a domingo e feriados, das 11h às 18h; às quintas, das 11h às 20h.
Ingresso: Inteira – R$ 15,00; Estudantes – R$ 7,00
Menores de 10 anos e maiores de 60 anos – Gratuito
Às terças-feiras a entrada é gratuita

Read Full Post »

Vou me arriscar a falar sobre algo que ainda – destaque-se o ainda – não vi de fato, pessoalmente, a visão foi apenas, digamos, virtual. Mesmo assim, gostaria que os leitores interpretassem este post muito mais como um convite do que como uma análise minuciosa de algo que vi com meus próprios olhos (perdoem-me o pleonasmo).
Lendo e recebendo informações, chegou-me a notícia de uma imperdível exposição de fotografias do fotógrafo Vik Muniz. Embora, pelo que vi e li, discorde que sejam apenas fotografias o fruto de seu trabalho e ele, apenas um mero fotógrafo. Vik Muniz é um artista brasileiro, de renome internacional, que utiliza a fotografia como instrumento básico para ir além, em direção a uma arte que mistura ilusão e realidade, a aparência comum, com a essência inusitada. Ele fotografa os seus trabalhos realizados a partir de técnicas variadas.
Desde já deixo aqui meu aviso aos navegantes: a exposição “Vik”, que conta com 131 obras do artista, é a maior dedicada até então à sua obra e está sendo realizada no MAM, no Rio de Janeiro, onde fica até o dia 8 de março e depois, para alegria dos de cá paulistas, segue para o MASP, Museu de Arte de São Paulo, com estreia marcada para o dia 23 de abril.
Para avivar as vontades e despertar a curiosidade em ver de perto esses incríveis trabalhos; coloco aqui alguns dos presentes que a exposição gentilmente oferece aos seus visitantes (e que a internet por hora me proporcionou).
Abaixo um autorretrato montado com centenas de pequenos objetos coloridos. São miniaturas de carros, bolas, lápis, cornetas, botões, colheres, garfos, dentre outros, das mais variadas cores e formas dispostos de modo a formar um rosto, os olhos, o nariz, a boca e os dedos segurando a testa. De longe, e olhando assim pela foto, parece simplesmente uma mancha colorida, uma imagem comum, que, no entanto, deve surpreender a qualquer um quando se aproxima e se depara com todos aqueles objetos. Vik Muniz parece querer nos dizer que, muitas vezes, aquilo que vemos não passa de ilusão, impressões que são desconstruídas no instante seguinte.

Esta outra fotografia é tão ou mais curiosa que a anterior, exercitei-me olhando-a de longe e depois um pouco mais de perto. Pareceu-me de início uma imagem escura, composta por duas árvores, um lago e um homem. Depois percebi que as árvores, o homem, o chão, são feitos de linhas, exatamente, nossas tradicionais linhas de costura, emaranhadas de tal modo e de tal modo dispostas que se tornam troncos, caules, folhas. São coisas – para alguns falsas – feitas de fios de linha e que, fotografadas, novamente nos iludem, ao mesmo tempo em que se revelam e nos espantam, deixando a fascinação de mais uma ilusão que se desfaz. Talvez a foto, pequena, não revele as linhas que compõem o desenho, mas ela tem aqui o principal propósito de despertar a curiosidade e a vontade para ver a obra de perto, e aí sim perceber suas surpresas.


Vik Muniz também brincou com a Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, e ao contrário de Duchamp, que lhe pôs bigodes e barbas, ele a refez usando geléia e pasta de amendoim, matérias que só poderiam ganhar permanência na incrível imagem fotográfica.

Vik Muniz oferece outros trabalhos surpreendentemente diferentes ao longo da exposição. Através de uma nova linguagem só possibilitada pela fotografia, ele atualiza obras-primas da pintura (“Catedral Rouen” de Claude Monet, “O Nascimento de Vênus” de Botticelli) não de modo a destruir-lhes todo seu brilho e particular significado, mas visando refazer uma beleza já consagrada com a ajuda de outros materiais extremamente simples – lixo, objetos de plástico, peças de metal – e às vezes também valiosos – como os pequenos diamantes que dão forma ao rosto de Elizabeth Taylor.

É uma daquelas exposições que simplesmente não se pode deixar de ver, talvez esse seja o fato de estar escrevendo sobre ela, mesmo antes de tê-la visto. Pelo que essas e outras imagens me mostraram, pelo que li e ouvi, posso dizer sem medo de me arrepender depois, quando olhar mais de perto, que as fotografias do trabalho deste grande artista promovem um diálogo entre o banal e o poético, o verdadeiro e o ilusório, mostrando que ver, nesse caso, é delírio.

Read Full Post »

Nada como regressar relembrando as férias, coisas que vi, ouvi e senti. Mais uma vez, encontrei-me com toda magia, beleza, e efervescência cultural da Cidade Maravilhosa, o Rio de Janeiro. Mas, além da constante sensação de férias – que no Rio são de cunho social e histórico e podem durar séculos, e do fato dele combinar o prazer e a evasão a uma forte sensação de melancolia, para resgatar as palavras daquele que tão poeticamente falou sobre o Brasil, o italiano Alberto Moravia – minhas visitas ao Centro Cultural do Banco do Brasil me renderam experiências interessantes e algumas surpresas. Fui à inauguração da Exposição Brasil Brasileiro (desde já fica aqui meu aviso aos navegantes, a exposição vai até o dia 5 de abril de 2009, pode ser vista de terça a domingo das 10h às 21h no Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro).
O título da exposição foi retirado das primeiras estrofes de Aquarela do Brasil, música e letra de Ary Barroso, uma das expressões culturais que mais representam nossa brasilidade. A exposição tem como principal objetivo espelhar nossa identidade cultural através da pintura. Obviamente, isto não deixa de ser uma pretensão, já que é impossível reunir todos os aspectos de nossa tão vasta e, por vezes, incompreendida identidade nacional em uma única exposição, por mais abrangente que esta seja. Nas palavras dos organizadores da mostra, a exposição na realidade não tem pretensões, “é simples como uma tarde de sol, num domingo à beira-mar”.
NOSSA GENTE
Nossas mulheres, nossos campos, nossa força, tão bem representada pela artista nos traços marcantes, nas cores fortes.

Anita Malfati, Tropical

O colorido de Pancetti se repete em muitas outras obras da exposição, a mulher aparece novamente aqui como personagem principal, até parece que elas se deixam levar, lavar….

Jose Pancetti, Lavadeiras do Abate

Brasil Brasileiro abarca dois séculos de pintura brasileira, moderna e contemporânea, agrupadas de modo a captar aspectos temáticos em torno dos quais se estrutura a exposição, são eles: nossa terra, nosso povo, nossas festas, nossas crenças, nossos sonhos, nossos desafios e nossas lutas. Em busca de retratar a alma brasileira, a exposição traça um compromisso com a nossa terra e nossa gente e traz nomes da nova geração de pintores modernistas como Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Cícero Dias, nos quais predominavam, de fato, elementos da cultura brasileira. Não faltam as pinturas com claro envolvimento político, em meio a outras que nunca deixaram de conservar certo aspecto lírico, como as de Guignard Volpi, ou aquelas que retratam a sensualidade dos dias quentes, ensolarados, como as de Di Cavalcanti. Para quem gosta dos números são 180 pinturas de 70 artistas, oriundas de mais de 50 coleções públicas e privadas.
Brasil Brasileiro com seu misto de cor, talento e sensibilidade mostra um pouco do que muitos entenderam ser o Brasil e o brasileiro. Ela esbarra em alguns estereótipos que nos fazem lembrar a imagem exótica e distorcida que o olhar europeu formou de nossa gente e de nossos costumes, imagem esta que, no entanto, foi sendo superada conforme os hábitos tropicais tomavam conta de nossa arte e, principalmente, a partir da primeira metade do século 20 com os modernistas e o movimento antropofágico. A exposição encanta e canta o Brasil, suas belezas naturais, sua diversidade, suas contradições, sua história. Ela é tão vasta como nosso território e tão sonhadora e idealista como nossa alma. Neste ponto, a meu ver, alcança seu objetivo de ser nossa terra, nossa gente, ao menos em parte. Vale a pena ver e conhecer-se um pouco mais.

NOSSO SONHOS

O quadro traz toda cor, movimento e um certo concretismo de uma festa que é explosão, síntese. Carnaval, nele nós somos, acima de tudo, sonhos.

Emiliano di Cavalcanti, O Grande Carnaval

Mais que nunca é preciso cantar,
É preciso cantar e alegrar a cidade
Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, Marcha da Quarta-feira de Cinzas

NOSSAS LUTAS

No quadro os punhos cerrados, a força, que permeia a ação de uma multidão, abstrata, que luta mesmo sem saber o porquê de sua luta, mesmo que inutilmente. Um pouco do brasileiro, do homem.

Claúdio Tozzi, O público

Mas sei
Que uma dor assim pungente
Não há de ser inutilmente
João Bosco e Aldir Blanc
O bêbado e a equilibrista

NOSSA TERRA

As casas, as ladeiras, quadro realista mas que permite a curiosidade, já que as portas estão abertas, e é sempre possível querer olhar mais fundo, melhor.

Yoshiya Takaoka, Rua dos Sapateiros

Read Full Post »