Deitada, como o galho deitou sobre o lago,
acompanhando teus passos delineados e calmos.
Tentava medir as palavras, domesticar os impulsos
e imaginava em distante paisagem um salto sem rumo.
Te sonhava nas árvores e no vento suave
e esperava um olhar que só brotava de ti.
Envolvia-te em meus braços carentes e ácidos
e teu cheiro confundia-se na fina chuva daquele fim de tarde.
E pedia por mais tempo, por sons profundos,
repelia o fim mordiscando o silêncio
e nostálgica buscava reter o veneno das águas diáfanas,
dentro de mim a certeza da singela mudez dos absurdos.
Teu olhar seguia firme e me desnudava
em vão o procurava semelhante
entre outros que por mim passavam
mas apenas o teu, ardente e reto, me espreitava.
Passaram-se os anos, silvestres as memórias
a recortar os dramas, a empolar instantes,
a imitar os galhos das árvores que se esparramam
tal qual um beijo a desejar de ti as eternas histórias de antes.
M.V
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