“Quando a virtude triunfa e as coisas são como devem ser, nossas lágrimas são contidas antes mesmo de correrem; por outro lado, se depois das mais duras provações, vemos, enfim, a virtude aniquilada pelo vício, inevitavelmente nossas almas se dilaceram, e tendo a obra nos comovido excessivamente, como dizia Diderot, ensanguentando nossos corações pelo avesso, indubitavelmente deve produzir o interesse que por si só, garante os louros”. (p. 33)
“Sendo o romance, se é possível exprimir-se assim, o quadro dos costumes seculares, para o filósofo que quer conhecer o homem, ele é tão essencial quanto a história, pois o cinzel da história só grava o que o homem deixa ver, e, então, já não se trata mais dele. A ambição, o orgulho, cobrem sua fronte com uma máscara que nos representa apenas essas duas paixões, não o homem. O pincel do romance, ao contrário, capta-o no interior…pega-o quando ele retira sua máscara, e o esboço, bem mais interessante, é também mais verdadeiro: eis a utilidade dos romances. Frios censores que não os amais, pareceis com aquele aleijão que dizia por que se fazem retratos“? (p. 36)
Marquês de Sade, Nota sobre romances ou A arte de escrever ao gosto do público
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Para que se servem os romances?, POR SADE
Posted in Filosofias, Fragmentos, tagged Arte, coração dos homens, literatura, Marquês de Sade, romance, vício, virtude on 29/08/2011| Leave a Comment »