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Archive for the ‘Fragmentos’ Category

Prosa viva, sensível, cuidadosa em cada palavra

Prosa viva, sensível, cuidadosa em cada palavra

“Fui esse farsante pra sobreviver, e durante uns trinta anos só traí tua mãe nas noites e tardes em que dormi com Algisa. O que eu pretendia que tua mãe encarasse como uma vingança sórdida e meio incestuosa de um ciumento, ela via como um ato de desespero, quase infantil. “Meu amor, sei que procuras minha irmã quando não podes me encontrar”, dizia. E era verdade: as duas se pareciam tanto que às vezes eu quase me convencia de que uma podia ser a outra. Mas isso era passageiro, e logo eu me dava conta de que se tratava apenas de uma semelhança física, superficial. Ninguém podia ser tua mãe. E essa foi a única coisa que não pude fingir…” (p. 241)

“Pensei em reescrever minha vida de trás para frente, de ponta-cabeça, mas não posso, mal consigo rabiscar, as palavras são manchas no papel, e escrever é quase um milagre…Sinto no corpo o suor da agonia. Amigo…e não primo. Esse teto baixo, paredes vazias, ausência de cor e de céu…O sol e o céu do Rio e do Amazonas…nunca mais…Só essas paredes, e esse cheiro insuportável…Agora escuto a minha própria voz zunindo e sinto fagulhas na cabeça, e a voz zunindo, fraca, dentro de mim…Não posso mais falar. O que restou de tudo isso? Um amigo, distante, no outro lado do Brasil. Não posso mais falar nem escrever. Amigo…sou menos que uma voz…” (p. 264)

HATOUM, Milton. Cinzas do norte. 1ºed. São Paulo: MEDIAfashion, 2012

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Imagem: Divulgação

“Quando mocinhas, elas podiam escrever seus pensamentos e estados d’alma (em prosa e em verso) nos diários de capa acetinada com vagas pinturas representando flores ou pombinhos brancos levando um coração no bico. Nos diários mais simples,cromos coloridos de cestinhos floridos ou crianças abraçadas a um cachorro. Depois de casadas, não tinha mais sentido pensar sequer em guardar segredos, que segredo de mulher casada só podia ser bandalheira. Restava o recurso do cadernão do dia-a-dia, onde, de mistura com os gastos da casa cuidadosamente anotados e somados no fim do mês, elas ousavam escrever alguma lembrança ou uma confissão que se juntava na linha adiante com o preço do pó de café e da cebola” (p.14)

“Estranho, sim. As pessoas ficam desconfiadas,
ambíguas diante dos apaixonados. Aproximam-se
deles, dizem coisas amáveis, mas guardam
certa distância, não invadem o casulo
imantado que envolve os amantes e que pode
explodir como um terreno minado, muita
cautela ao pisar nesse terreno. Com sua
disciplina indisciplinada, os amantes
são seres diferentes e o ser diferente é
excluído porque vira desafio, ameaça. Se o
amor na sua doação absoluta os faz mais
frágeis, ao mesmo tempo os protege como
uma armadura. Os apaixonados voltaram
ao Jardim do Paraído, provaram da
Árvore do Conhecimento e agora sabem”.

Lygia Fagundes Telles, A disciplina do amor (1980)

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Segundo José Antonio Pasta, “não poderíamos dizer o que esse livro é, sem traí-lo em sua natureza própria”.

“Sem conseguir escolher se a vida é benção ou matéria estúpida, examinar então, pacientemente, algumas pedras, organismos secos, passas, catarros, pegadas de animais antigos, desenhos que vejo nas nuvens, cifras, letras de fumaça, rima feita de bosta, imensidão aprisionada numa cerca, besouros dentro do ouvido, fosforescência do organismo, batimento cardíaco comum a vários bichos, órgãos entranhados na matéria inerte, olhando a um só tempo do alto e de dentro para o enorme palco, como quem quer escolher e não consegue: matéria ou linguagem?” (p. 18)

“É da morte, da velhice, da perda de contato que a linguagem deveria se alimentar. Sou capaz de aceitá-la para a proteção de nosso corpo, para tornar nossa mente amena, espécie de anestésico natural, como as toxinas que alguns animais liberam para não sentir que estão sendo devorados. Mas é o contrário que se dá: morremos quietos, ou aos ber-ros desarticulados, mas vivemos o esplendor da saúde de nosso corpo cercados por vocábulos que, à primeira chance, saltam à frente e roubam minuciosamente nosso dia.” (p. 28)

“Quando entramos em choque com algo inaceitável ou excessivamente belo e ficamos, literalmente, sem palavras, estamos recuperando esta etapa adormecida da nossa natureza” (p. 24)

Nuno Ramos, Ó. São Paulo: Iluminuras, 2008

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Então, o homem diz: “eu me lembro”, e inveja o animal que imediatamente esquece e vê todo instante realmente morrer imerso em n´voa e noite e extinguir-se para sempre. Assim, o animal vive a-historicamente: ele passa pelo presente como um número, sem que reste uma estranha quebra. Ele não sabe se disfarçar, não esconde nada e aparece a todo momento plenamente como o que é, ou seja, não pode ser outra coisa senão sincero. O homem, ao contrário, contrapõe-se ao grande e cada vez maior peso do que passou […] No entanto, em meio à menor como em meio à maior felicidade é sempre uma coisa que torna a felicidade o que ela é: o poder esquecer ou, dito de maneira mais erudita, a faculdade de sentir a-historicamente durante a sua duração. Quem não pode se instalar no limiar do instante, esquecendo todo passado, quem não consegue firmar pé em um ponto como uma divindade da vitória sem vertigem e sem medo, nunca saberá o que é felicidade, e ainda pior: nunca fará algo que torne os outros felizes. (p. 8 e 9)

[…] nós somos sem cultura, mais ainda, estamos estragados para a vida, para o ver e o ouvir corretos e simples, para a apreensão feliz do que há de mais próximo e natural, e não temos até agora nem mesmo o fundamento de uma cultura, porque não estamos convencidos de termos uma vida verdadeira em nós. […] Presenteai-me primeiro com a vida e então, a partir disso, terei prazer em criar-vos uma cultura! […] Quem lhes presenteará com esta vida? Nenhum deus e nenhum homem: somente a sua própria juventude. (p. 94)

Friedrich Nietzsche, Segunda consideração intempestiva. Da utilidade e desvantagem da história para a vida. Trad: Marco Antônio Casanova. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2003

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Paul Cézanne

Tu, Obscuridade de onde emana
meu ser, amo-te mais do que à chama
que o mundo reduz
ao círculo da sua luz:
ali dentro, resplandece;
fora dali, ser nenhum a reconhece.

Mas na Obscuridade tudo se contém:
as formas e as chamas, os animais e eu também,
nela que consorcia
existências e energias –

Pode bem ser que uma força sombria
se mova em minhas cercanias.

É às noites que minha alma se confia.

Poemas/Rainer Maria Rilke; Trad. José Paulo Paes, São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p. 61

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“Fomos para o meu endereço. Abri uma garrafa de vinho e ficamos batendo papo. Entre nós dois a conversa sempre fluía espontânea. Ela falava um pouco, eu prestava atenção, e depois chegava a minha vez. Nosso diálogo era sempre assim, simples, sem esforço nenhum. Parecia que tínhamos segredos em comum. Quando se descobria um que valesse a pena, Cass dava uma risada – da maneira que só ela sabia dar. Era como a alegria provocada por uma fogueira. Enquanto conversávamos, fomos nos beijando e aproximando cada vez mais. Ficamos com tesão e resolvemos ir para a cama. Foi então que Cass tirou o vestido de gola fechada e vi a horrenda cicatriz irregular no pescoço – grande e saliente. […] Beijamos de novo. Começou a chorar baixinho. Sentia-lhe as lágrimas no rosto. Aqueles longos cabelos pretos me cobriam as costas feito mortalha. Colamos os corpos e começamos a trepar, lenta, sombria e maravilhosamente bem. (p. 10)

Charles Bukowski, A mulher mais linda da cidade. Porto Alegre, RS: L&PM, 2012

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“Foi assim que Ana, coberta com as quinquilharias mundanas da minha caixa tomou de assalto a minha festa, varando com a peste no corpo o círculo que dançava, introduzindo com segurança, ali no centro, sua petulante decadência, assombrando os olhares de espanto, suspendendo em cada boca o grito, paralisando os gestos por um instante, mas dominando todos com seu violento ímpeto de vida […] Ana, sempre mais ousada, mais petulante, inventou um novo lance alongando o braço e, com graça calculada (que dêmonio mais versátil!) roubou de um circundante a sua taça logo derramando sobre os ombros nus o vinho lento, obrigando a flauta a um apressado retrocesso languido, provocando a ovação dos que a cercavam […] (eu me reconstruía nessa busca! Que salmoura nas minhas chagas, que ardência mais salubre nos meus transportes!), eu que estava certo, mais certo do que nunca de que era para mim, e só para mim, que ela dançava…”

Raduan Nassar, Lavoura Arcaica

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labirintos e limites

– Porque eu preciso jejuar, não posso evitá-lo – disse o artista da fome.
– Bem se vê – disse o inspetor. – E por que não pode evitá-lo?
– Porque eu – disse o jejuador, levantando um pouquinho a cabecinha e falando dentro da orelha do inspetor com os lábios em ponta, como se fosse um beijo, para que nada se perdesse. – Porque eu não pude encontrar o alimento que me agrada. Se eu o tivesse encontrado, pode acreditar, não teria feito nenhum alarde e me empanturrado como você e todo mundo.

trecho de Um artista da fome (p. 35)

Mas a coisa mais bela da minha construção é o seu silêncio. Certamente ele é enganoso. Pode ser interrompido de repente e então tudo se acabou. Por enquanto, porém, ele ainda continua. Durante horas posso me esgueirar pelos meus corredores, sem ouvir outra coisa senão, algumas vezes, o zunido de algum bicho pequeno, que eu logo sossego entre os meus dentes, ou o escorrer da terra, que me aponta a necessidade de alguma reforma; de resto, tudo quieto.

trecho de A Construção (p. 66)

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Ninguém consegue ler dois mil livros. Nos quatro séculos que vivo não terei passado de meia dúzia. Além disso, não é importante ler, mas reler. A imprensa, agora abolida, foi um dos piores males do homem, já que tendeu a multiplicar até a vertigem textos desnecessários.
– No meu curioso ontem – respondi -, prevalecia a superstição de que entre cada tarde e cada manhã acontecem fatos que é uma vergonha ignorar. O planeta estava povoado de espectros coletivos, o Canadá, o Brasil, o Congo Suíço e o Mercado Comum. Quase ninguém conhecia a história prévia daqueles entes platônicos, mas, sim, os mais ínfimos pormenores do último congresso de pedagogos, a iminente ruptura de relações e as mensagens que os presidentes mandavam, elaboradas pelo secretário com a pridente imprecisão que era própria do gênero.
Tudo isso era lido para o esquecimento, porque em poucas horas era apagado por outras trivialidades. […] As imagens e a letra impressa eram mais reais que as coisas. Somente o publicado era verdadeiro. Esse est percipi ( ser é ser percebido) era o princípio, o meio e o fim de nosso singular conceito do mundo. No ontem que me tocou, as pessoas eram ingênuas; acreditavam que uma mercadoria era boa porque assim o afirmava e repetia o seu próprio fabricante. Também eram frequentes os roubos, embora ninguém ignorasse que a posse de dinheiro não dá maior felicidade nem maior tranquilidade.

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Depois de caminharmos quinze minutos, dobramos à esquerda. No fundo divisei uma espécie de torre, coroada por uma cúpula.
– É o crematório – disse alguém. – Dentro está a câmara letal. Dizem que foi inventada por um filantropo, cujo nome, creio, era Adolf Hitler. (p. 72 e 75) trechos de Utopia de um homem que está cansado

Ulrica entrou primeiro. O aposento escuro era baixo, com um teto de duas águas. A esperada cama duplicava-se vagamente num cristal, e o mogno polido me lembrou o espelho da Escritura. Ulrica já se despira. Chamou-me por meu verdadeiro nome, Javier. Senti que a neve aumentava. Já não restavam móveis nem espelhos. Não havia espada alguma entre nós. Como a areia, escoava o tempo. Secular na sombra, o amor fluiu e possuí a imagem de Ulrica pela primeira e última vez. (p. 19)
trecho de Ulrica

Disse-me que seu livro se chamava O livro de areia, porque nem o livro nem a areia têm princípio ou fim.
Pediu-me que procurasse a primeira folha.
Apoiei a mão esquerda sobre a portada e abri com o polegar quase grudado ao índice. Tudo foi inútil: sempre se interpunham várias folhas entre a portada e a mão. Era como se brotassem do livro.
– Agora procure a final.
Também fracassei; mal consegui balbuciar com uma voz que não era a minha:
– Isto não pode ser.
Sempre em voz baixa, o vendedor de bíblias disse:
– Não pode ser, mas é. O número de páginas deste livro é exatamente infinito. Nenhuma é a primeira; nenhuma, a última. Não sei por que são numeradas desse modo arbitrário. Talvez para dar a entender que os termos de uma série infinita admitem qualquer número. (p. 97)
trecho de O livro de areia

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Não vou dispensar muitas palavras para falar desta bela novela do escritor chileno Roberto Bolaño, mesmo porque, a forma sintética e, ao mesmo tempo, suficiente com que ele narra os acontecimentos que compõem a sua narrativa mostra que não é preciso dizer muito, em certos casos, para dizer de algo ou contar uma história.

A novela “Estrela distante” é a continuidade de outro projeto literário de Bolaño, “A literatura nazista na América”, mais propriamente do último capítulo em que Bolaño apresenta a figura de Ramírez Hoffman, poeta e torturador à serviço de Pinochet nos anos da ditadura chilena.

A figura do homem que lê poesia ao mesmo tempo em que causa dor e sofrimento é quase que dissecada em “Estrela distante” na figura do personagem Carlos Wieder. Não por acaso “wieder” em alemão quer dizer justamente “outra vez”, uma espécie de etorno retorno desses personagens sombrios, duplos, que sempre têm gestos dúbios, indefiníveis, sorrisos discretos.

Wieder é de início um estudante com nome Ruiz-Tagle que participa de oficinas de poesia junto com outros jovens do Chile ainda sob o governo de Salvador Allende. A história começa nos anos que precedem o golpe de 1973 que leva Pinochet ao poder e é em meio à atmosfera negra e marcada por diversas perdas da ditadura militar que o caráter sombrio de Wieder aos poucos vai se revelando aos colegas próximos que conviviam e não conviviam com ele ao mesmo tempo.

Podemos pensar na novela como uma abordagem bem feita de um personagem, apresentado aos leitores da mesma forma misteriosa como ele se deixava ver pelos outros. Um psicopata, um assassino, um poeta, um aviador que escreve seus versos de morte em pleno ar. Não se sabe muito bem quem são essas pessoas que carregam em si a força destruidora e amarga do nazismo. A autoridade, o gosto em matar, um quase prazer doentio, e uma espécie de relação não muito bem resolvida com a arte.

Só pela apresentação profunda desse personagem a novela de Bolaño já vale, mas ela tem méritos também na linguagem, clara e direta, no texto fluente com um tom de investigação criminal e, principalmente, na sensibilidade das pequenas histórias, dos pequenos personagens que vão compondo o cenário da história maior.

Aos poucos, a mensagem principal do romance parece ser a de que figuras como Carlos Wieder e tempos como o de Pinochet no Chile reforçam, na sensibilidade das pessoas que ainda a têm, o sentido da palavra “nunca mais”.

Roberto Bolaño

O que é curioso, pois se a ideia do eterno retorno e do fantasma do nazismo acompanha a narrativa, é pelas mãos de Wieder e de atores a serviço de ditaduras assassinas, que a sensação do “nunca mais” atravessa a vida de jovens, intelectuais e poetas que perdem pessoas queridas, que perdem a sua própria identidade, que sentem, com a mais delicada das tristezas, que nunca mais verão aquela jovem que fazia versos tão bem.

E tudo fica mesmo como uma estrela distante. O nazismo, seja ele qual for, divide vidas, transforma o tempo, cria seus personagens fantasmas, é capaz de unir ideias opostas como a do “outra vez” e a do “nunca mais” e, nisso, ele é como uma metáfora, ou, como a própria poesia que, dos céus à terra, palpita neste tocante romance.

“Depois voltou a afundar. Nesse momento também não fechou os olhos: moveu a cabeça com calma (a calma de um anestesiado) e buscou com os olhos alguma coisa, qualquer que fosse, mas que fosse bela, para retê-la no momento final. Mas o negror vendava qualquer objeto que pudesse descer junto com seu corpo até as profundezas, e ele nada viu. Então, sua vida, como se costuma dizer, desfilou diante de seus olhos como num filme. Alguns trechos eram em branco e preto e outros em cores. O amor de sua pobre mãe, o orgulho de sua pobre mãe, a exaustão de sua pobre mãe ao abraçá-lo à noite, quando tudo nos vilarejos pobres do Chile parece estar por um fio (em branco e preto), os tremores, as noites em que urinava na cama, os hospitais, os olhares, o zoológico dos olhares (em cores), os amigos que compartilham o pouco que têm, a música que nos consola, a maconha, a beleza revelada em locais inverossímeis (em branco e preto), o amor perfeito e breve como um soneto de Góngora, a certeza fatal (mas cheia de raiva dentro da fatalidade) de que só se vive uma vez. Tomado de súbita coragem, decidiu que não ia morrer. Conta-se que disse é agora ou nunca, e voltou à superfície. A subida lhe parecia interminável; manter-se à tona, quase insuportável, mas conseguiu. Naquela tarde, ele aprendeu a nadar sem braços, como uma enguia ou uma serpente. Matar-se, disse, nessa conjuntura sociopolítica, é absurdo e redundante. Melhor se tornar um poeta secreto”. (p. 72)

“Às cinco da manhã, adormeci no sofá. Fui acordado por Angélica, quatro horas depois. Tomamos café da manhã na cozinha, em silêncio. Ao meio-dia, elas enfiaram duas malas no seu carro, uma Citroneta 1968 verde limão, e partiram para Nacimiento. Nunca mais as vi”. (p.23)

“Mas não são eles que irão se esconder. Eles são os que procuram os que se escondem. E junto com eles entra a noite na casa das irmãs Garmendia. E quinze minutos depois, talvez dez, quando se retiram, a noite volta a sair, subitamente a noite entrava e saía, eficaz e veloz. E os cadáveres jamais serão encontrados, ou sim, há um cadáver, apenas um cadáver que aparecerá anos depois numa fossa comum, o de Angélica Garmendia, minha adorável, minha incomparável Angélica Garmendia, mas somente esse, como que para provar que Carlos Wieder é um homem, e não um deus”. (p.28)

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