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Posts Tagged ‘dúvida’

Paul Cézanne. The Strangled Woman. 1872.

No fundo da madrugada há um silêncio,
e no fundo do silêncio há uma tristeza.
A tristeza que não vejo. Mas de dentro
dessa tristeza sai um grito de desespero,
desespero mudo que não sinto só percebo.

Das bordas de tudo isso fala a dúvida
que eu espreito. E que pode ser só mentira,
vestes sem dono, corpo ou endereço.
E de tudo isso há um copo vazio de vinho
no fundo do qual me admiro no espelho.

Para além de tudo isso todas as minhas
horas e minhas escolhas chorosas.
Na minha falta fica um pouco de mim mesma.
Para além de tudo isso minha cama,
minhas fotos, minha infância, meu medo.

No fundo do qual há um silêncio
longo, desses que ninguém entende.
Escuro, desses que todo mundo teme.

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Academia número 4, 1922, Tarsila do Amaral

Essa coisa que carrego
Esse ser mulher
A bater no peito
Esse sentimento de medo

A coragem de dizer o que se é
De ser sem rodeio
Saber quando não se pode mais
Essa ideia do avesso

Esse céu poderia estar limpo
Essa lua sem véu
E milhares de estrelas
Mas no breu surge um ponto

E saber que não devo
Ou sentir que apenas esqueço
Minha rede sem dono
E no breu me dispo

Sou abandono

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Jeanne Hebuterne in Large Hat, Amadeo Modigliani

Em tantos buracos dançantes
que rondam tanta alma,
um aperto de tristeza
que sair queria e não podia,
explodia dos olhos de quem
com tanto ser não sabia o que fazia.

Mas era clara e doce,
com tanto jeito de menina antiga…
Era brava e forte,
com tanto jeito de mulher fugida…

E como suportar tanta beleza,
vencer as barreiras que lá edificam?
Declarar-se plenamente feliz,
enquanto nasceste com a tristeza
rebolando nos quadris?

Como ser eu mesma?
Tão, tão perdida de mim.

M.V

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